O pânico do primeiro trimestre

15:26


Quando soube que estava grávida pensei "Porra, as pessoas são uma merda e eu vou meter no mundo mais uma". Não me interpretem mal, mas é verdade. A vida é maravilhosa e eu adoro pessoas, mas nós somos maus uns para os outros em tantas coisas. 

E depois pensei "Porra, a maior parte das pessoas que conheço tem problemas familiares: ou porque não se dão bem com a mãe/pai, ou porque os pais são divorciados, ou porque um é alcóolico, ou porque etc etc. Eu não quero criar, amar e dar tanto de mim a uma pessoa para daqui a uns anos ela me virar as costas ou eu cometer um erro tão grande que não seja mais digna de ser chamada de mãe". 

Estou agora de 18 semanas, mas quero falar sobre o primeiro trimestre - o cocó desta gravidez, literalmente. As primeiras semanas foram um misto de choro, ansiedade, muitas introspeções e de prisão de ventre. E de gases. Nada agradável, digo já.

Fiquei um bocado florzinha de estufa nos primeiros tempos. Estava mais sensível, mais irritadiça e a ansiedade não estava a ajudar. Ansiava pela primeira ecografia, para saber se estava tudo bem, se havia algo de errado com a cria. Na verdade, dormi muito mal na semana que se antecedeu à mesma. Isto é tudo muito agridoce. A pessoa tanto está feliz por ter uma amostra de ser humano alojado nas entranhas como desespera quando pensa nas mil e uma coisas que podem correr mal. E ainda penso um bocadinho nisso, mas já está mais controlado. (Provavelmente quando for fazer a próxima eco vou estar uma pilha de nervos na véspera).

Coisas que ninguém fala sobre a gravidez: que dá muita prisão de ventre no início e uns gases horríveis. Bem, ninguém gosta de falar de cocó e se calhar por isso é que é tabu.

Inscrevi-me em vários grupos no facebook de mamãs to be e fez-me sentir menos louca. Houve uma senhora que perguntou no grupo se podia continuar a fazer sexo anal mesmo estando grávida. Adoro a falta de tabus nestes sítios, adoro! Além disso, pesquisei no google coisas tão parvas que nem é bom ditar.

Sintomas: Para além dos referidos acima que me provocavam um inchaço digno de uma gravidez de gémeos nas 63 semanas e um mau estar medonho, tive alguns enjoos. Maioritariamente de manhã, mas tudo suportável. Vomitei pouco, 3 ou 4 vezes. Ah e tinha uma sede digna de uma maratona de Bob Marley, se é que me faço entender! Andava (e ainda ando) muito cansada, tinha sono a toda a hora e em qualquer oportunidade que surgisse, fazia aquela sesta básica no sofá. Para acrescentar a tudo isto, andava mais irritada, com um feitio complicado (para não dizer de bitch, mesmo). Desculpa João




Mudanças corporais: A barriga só começou realmente a notar-se aos meus olhos por volta da 13ª semana


Alimentação: Inicialmente comecei a tomar iodo e ácido fólico, mas como sou veggie a médica aconselhou-me a tomar um suplemento que conjuga vários nutrientes essenciais.
Infelizmente, a minha alimentação não foi a melhor no início. Comi muitas porcarias, cedi a muitos impulsos pouco saudáveis. Além disso, o cheiro de alguns legumes enjoava-me, nem podia sentir o sabor dos cogumelos que era uma coisa que sempre adorei. Uma vez meti bróculos na boca e não consegui engolir. Isso preocupava-me! Tudo o que me apetecia comer era porcarias, torradas com manteiga, fruta ou sopa, o que me safou a maior parte das refeições.



A pior parte: Desespero máximo por viver numa cidade que não conheço bem, por não ter ninguém para falar sobre o assunto incluindo um médico. O centro de saúde onde estou a ser seguida é pior do que a feira da ladra aos sábados e em saldos. O sistema é desorganizado, não há funcionários suficientes para dar vazão a tanto trabalho e, além disso, só às 18 semanas é que conheci a médica que realmente me vai acompanhar o resto da gravidez. Sim, porque até à data fui atendida por várias médicas que faziam o melhor que podiam no pouco tempo que tinham, isto porque as meninas da recepção insistiam em marcar consultas random, mesmo quando frisava "QUERO MARCAR UMA CONSULTA MATERNA". Toda esta situação  fez com que não fosse bem informada sobre diversas temáticas e sobre determinados exames que tinha de fazer e quando fazê-los exatamente. Enfim, um stress gigante.


Pensamentos: Este meu estado de graça mete-me a vida toda em perspetiva. Começo a questionar a minha infância, a educação que tive, o meu percurso de vida até aqui, os valores que quero passar a esta criança, ... Tem sido uma descoberta profunda sobre mim. Da Sara enquanto profissional, enquanto amiga, filha, namorada, irmã, tia, e qualquer outro estatuto que tenha .

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